O comportamento futuro dos preços da energia
A Lead Energy avaliou um conjunto de informações disponíveis publicamente no intuito de formar ponto de vista sobre o comportamento futuro dos preços da energia no Ambiente de Contratação Livre (ACL) brasileiro. As informações disponíveis foram obtidas nos sites da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e imprensa especializada.
Conforme evidências e argumentos abaixo, a Lead Energy entende que os preços da energia transacionada no ACL continuarão nos atuais patamares até o fim de 2027. A média do PLD no período não deverá ultrapassar R$ 120/MWh. Para 2023 e 2024 o PLD ficará no nível mínimo, que atualmente é de R$ 69/MWh. De 2025 a 2027, a média será inferior a R$ 150/MWh.
O PLD continuará no nível mínimo
Considerando o médio prazo até o final de 2024, as evidências recentes permitem afirmar que o PLD continuará no nível mínimo. O consumo verificado na CCEE (não considera a parcela atendida por GD) no primeiro semestre de 2023 foi 3,17%, ou 2.100 MW médios. Maior do que no mesmo período de 2022. É um crescimento robusto, que reflete o bom comportamento econômico recente do país. Por outro lado, segundo dados da mesma CCEE, a capacidade de geração centralizada em operação comercial aumentou 11.769 MW no mesmo período. Isso agregou 3.748 MW médios de garantia física à oferta firme (de longo prazo) do Sistema Interligado Nacional (SIN). Ou seja, a oferta firme de energia cresceu 79% a mais do que o consumo nos doze meses entre julho de 2022 e junho de 2023.
Além do forte crescimento na oferta centralizada de energia, o Brasil registrou forte crescimento de 7,5 GW de geração distribuída (GD) entre julho de 2022 e abril de 2023 segundo a ANEEL. O que representa 47% em 10 meses. Desde janeiro de 2023 a expansão vem registrando mais de 1 GW por mês, e deve continuar nesse patamar ao longo do ano. A partir de 2024 a GD deverá crescer bem menos, em função do término do prazo para conexão com 100% de desconto no uso da rede. Mas ainda registrará montantes relevantes, uma vez que os custos gerais da GD continuam caindo. Reportagem recente no site epbr.com.br registra a queda de 23% no preço em dólar do painel solar desde janeiro deste ano. Por conta da redução no preço de matérias primas e uso de outros materiais de menor custo.
A projeção de PLDs
Uma terceira evidência importante é a projeção de PLDs que a CCEE publica mensalmente, e que propõe um horizonte de 14 meses. Projeções são sempre controversas. Mas a atual situação de forte expansão da oferta associada a um nível excelente de armazenamento nos reservatórios das hidrelétricas trouxe uma assertividade inédita às projeções. A mais recente projeção da CCEE, publicada no final de agosto. Aponta que o Custo Marginal da Operação (CMO) será ZERO para todos os meses da projeção, ou seja, até outubro de 2024. O PLD é igual ao valor do CMO. Exceto que o PLD é sujeito ao piso de R$ 69,04/MWh e teto de R$ 678,29 em 2023. O gráfico abaixo demonstra a projeção.
Para todo o horizonte até dezembro de 2024, o gráfico demonstra CMO = zero. Salta aos olhos que em nenhum mês o CMO se altera. Na verdade, o CMO tem sido zero desde novembro de 2022, o que significa que haverá um inédito período de mais de dois anos nessa situação.
Considerando o longo prazo após 2024, há também evidências relevantes a suportar nosso entendimento. Primeiro, na ANEEL há atualmente registro oficial de mais de 48 GW de expansão da geração centralizada até 2026, sendo 31 GW de solar e 9 GW de eólica. Para 2027 a expansão registrada na ANEEL está pequena, menos de 1500 MW. Mas volta forte em 2028.
O crescimento na geração distribuída
Na geração distribuída não será diferente. O crescimento de 2023 vem batendo todas as projeções realizadas pela ABSOLAR no final de 2022 e início deste ano. A última projeção otimista preparada pela ABSOLAR para o “Global Market Outlook for Solar Power 2023-2027”, da associação Solar Power Europe, prevê 23,4 GW de GD instalada no Brasil para o final de 2023, número que foi batido já em abril. Essa mesma projeção dimensiona o total de GD no país em 35,1 GW no final de 2027, ou seja, um acréscimo de apenas 11,7 GW num período de 48 meses. Estimamos que o número real será muito superior.
Por último, um estudo divulgado pela consultoria PSR, especializada em análises do setor elétrico e de renome mundial, relatado na imprensa especializada (CanalEnergia, Agência INFRA) aponta que os preços da energia no Brasil ficarão em torno de R$ 150/MWh até 2030. Tal análise é baseada em muitos dos fatos aqui apresentados e com simulações sobre efeitos do PIB, expansão de geração térmica e solar.
Estimamos ainda que o consumo líquido do SIN irá continuar crescendo menos do que a geração (centralizada + distribuída) no horizonte até 2026 inclusive. Mesmo que o padrão de chuvas se altere, não será suficiente para o PLD mudar de patamar a ponto de a MÉDIA do período ser superior a R$ 150/MWh.
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